sexta-feira, 1 de outubro de 2010

diálogo

Sentia-se tão só.

Acordava religiosamente às seis e meia; sete aos finais de semana. Ia ao encontro de seus deveres diários e retornava à sua casa para, mais uma vez, adormecer no sofá da sala enquanto assistia às reprises de seus seriados antigos favoritos.

Gostava de ler. Às vezes, alugava um livro e o trazia para casa. Nesses dias, adormecia no sofá da sala enquanto lia romances de Sidney Sheldon. Às vezes, porém, ia à biblioteca e ficava lá mesmo, lendo.

Estava sempre tão vazia, assim como a biblioteca.

Ficava, às vezes, a tarde toda lendo, sozinha e só.

Lembra-se bem de uma tarde em que logo percebeu algo de diferente ao dar aqueles tão conhecidos passos pela grande porta de entrada da biblioteca municipal. Nesse dia, havia outra pessoa lá, sentada, lendo, sozinha, e, aparentemente, igualmente só.

Retirou um livro qualquer e sentou-se junto à pessoa, do outro lado da comprida mesa retangular. Deu-lhe um polido “bom dia”, retribuído com um educado sorriso. E leram.

Tantas palavras, nenhuma falada. O melhor diálogo de suas vidas.

2 comentários: